A relação entre a alimentação e a ocorrência de câncer tem sido evidenciada à medida que novas pesquisas na área são realizadas. Por isso, manter bons hábitos alimentares é uma atitude fundamental para a prevenção dessa doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o consumo regular de frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, sementes e nozes ajuda na proteção contra o câncer, fortalecendo as defesas do corpo e ajudando o bom funcionamento intestinal.
“A recomendação é consumir, no mínimo, cinco porções diárias, ou seja, 400 gramas de vegetais, sendo duas porções de frutas e três porções de legumes e verduras”, orienta a nutricionista Letícia Fischborn, do Espaço Viver Bem (área que presta suporte multidisciplinar aos pacientes oncológicos da Unimed).
Aliado a isso, os alimentos chamados funcionais – que além das funções nutricionais básicas, oferecem algum benefício para a saúde – podem auxiliar na diminuição do risco de desenvolvimento do câncer e de doenças crônicas degenerativas.
Segundo a nutricionista, a maior parte dos vegetais e cereais integrais possui alguma propriedade funcional. A seguir, confira alguns exemplos de alimentos que contêm esses benefícios:
- Isoflavonas – Possuem ação estrogênica (reduzem os sintomas da menopausa) e anticâncer. Podem ser encontradas na soja e na semente de linhaça;
- Ácidos graxos ômega-3 – Reduzem o LDL (colesterol “ruim”) e possuem ação anti-inflamatória. São encontrados em peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova e arenque;
- Ácido linolênico – Estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória. Está presente em óleos de linhaça, soja, nozes e amêndoas;
- Catequinas – Diminuem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico. São encontradas no chá verde, cerejas, amoras, mirtilo, uva roxa e vinho tinto;
- Licopeno – Tem ação antioxidante, reduz níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como o de próstata. Está presente no tomate, goiaba vermelha, pimentão vermelho e melancia;
- Indóis e Isotiocianatos – São substâncias que induzem enzimas protetoras contra o câncer, principalmente de mama. Podem ser encontradas couve flor, repolho, brócolis, couve de bruxelas, rabanete e mostarda;
- Flavonóides – Possuem atividade anticâncer, vasodilatadora, anti-inflamatória e antioxidante. São encontrados na soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja e frutas vermelhas;
- Fibras solúveis e insolúveis – Reduzem os riscos de câncer de cólon e melhoram o funcionamento intestinal. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e no tratamento da obesidade, aumentando a saciedade. São encontradas em cereais integrais como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo e leguminosas como soja, feijão, ervilha, hortaliças com talos e frutas com casca;
- Prebióticos – São açúcares (carboidratos) que ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino. Estão presentes em vegetais como raiz de chicória, batata yacon, alho e cebola;
- Sulfetos alílicos (alilsulfetos) – Reduzem o colesterol e a pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e diminuem os riscos de câncer gástrico. São encontrados no alho e na cebola;
- Lignanas – Inibem os tumores hormônio-dependentes, como de próstata e mama. São encontradas na linhaça e na noz moscada;
- Probióticos – Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e o câncer de cólon. Podem ser encontrados em leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados.
A nutricionista ressalta que não existem alimentos milagrosos para curar o câncer. “O equilíbrio na alimentação é fundamental para a prevenção de doenças, bem como a manutenção de peso adequado e hábitos de vida saudáveis”, finaliza.
Água como aliada na prevenção
A ingestão adequada de água é fundamental para o bom funcionamento do intestino e demais órgãos, principalmente os rins, contribuindo para prevenção de diversas doenças, como o câncer.
A recomendação diária para uma pessoa adulta é de 25 a 35 mililitros (ml) de água multiplicada pelo peso corpóreo. “Orienta-se a ingestão de água filtrada ou fervida nos intervalos das refeições”, destaca a nutricionista Letícia Fischborn. “Exceto nos casos em que há recomendação médica para evitar o excesso de ingestão hídrica, aí a água é recomendada em menor volume”, completa a profissional.