Cirurgia de Angelina Jolie alerta para prevenção ao câncer de mama
20 de maio de 2013
Mastologista Angela Cecconello Parizotto
Esta semana, após a atriz Angelina Jolie revelar publicamente que passou por uma cirurgia de retirada dos seios, para reduzir as chances de desenvolvimento de um câncer de mama, o tema ganhou a mídia. Não há consenso entre os médicos sobre a eficácia da mastectomia, mas uma coisa é certa: a prevenção e o diagnóstico precoce são o melhor remédio.
Segundo a mastologista Angela Cecconello Parizotto, cooperada da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo (Unimed VTRP), quanto mais cedo descoberto o câncer de mama, maiores são as possibilidades de cura. E o principal método de detecção precoce da doença é a mamografia. A Sociedade Brasileira de Mastologia orienta que mulheres a partir dos 40 anos façam anualmente esse exame.
No entanto, a investigação deve iniciar antes em pacientes com histórico familiar de câncer, em especial mama e ovário. Quanto mais jovem e mais próximo for o grau de parentesco do familiar acometido pela doença – principalmente com laços de primeiro grau, como mãe, irmã e filha – maiores as chances de desenvolvimento de um tumor. Também estão mais suscetíveis ao câncer aquelas que nunca engravidaram e com exposição prolongada ao estrogênio. O hormônio é produzido durante toda a vida fértil da mulher, colocando no grupo de risco aquelas que menstruaram muito cedo ou entraram na menopausa muito tarde.
O tumor no seio, em geral, decorre de uma soma de fatores, mas sua origem está associada também a mutações genéticas, como é o caso de Angelina Jolie. No artigo publicado no jornal americano “The New York Times”, na última terça-feira (14/05), ela relata que a mãe morreu, vítima da doença, aos 56 anos. “Diferente do câncer de colo de útero, cuja contaminação com o vírus pode ser evitada pelo uso de preservativo (a chamada prevenção primária), no câncer de mama trabalhamos mais com prevenção secundária, que é o diagnóstico precoce”, explica Angela.
As chances de desenvolvimento da doença podem diminuir se a pessoa evitar a obesidade, tiver hábitos de vida saudáveis, uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente.
Sintomas
O tumor pode ser detectado pela mamografia ou através de nódulos palpáveis nos seios ou nas axilas. Esses “caroços” raramente são acompanhados de dor mamária. As mulheres também devem ficar atentas a alterações na pele das mamas, como abaulamentos ou retrações, inclusive no mamilo, ou aspecto semelhante à casca de laranja. Outro sinal de alerta é o aparecimento de secreção no mamilo.
Mastectomia
A mastologista comenta que a mastectomia profilática, ou seja, redutora de risco, é uma alternativa indicada apenas para pacientes com alto risco para câncer de mama, como as portadoras de mutações no gene BRCA1. Existem outras alternativas, como a quimioprevenção com terapia hormonal, que são menos agressivas e bastante efetivas em alguns grupos de pacientes.
“É importante lembrar que, apesar da grande evolução das técnicas cirúrgicas reconstrutivas, a mastectomia redutora de risco, seguida de reconstrução da mama – seja com retalhos miocutâneos (uso de músculo da própria paciente) ou com próteses de silicone -, apresenta riscos de complicações bem maiores que as cirurgias puramente estéticas. E o resultado estético nem sempre é satisfatório”, comenta a médica. Por esses motivos, são necessários avaliação e acompanhamento de equipe médica e atendimento psicológico. A mastectomia redutora de risco é um tratamento irreversível.
Testes genéticos na região
Foi por intermédio de um teste genético, realizado nos Estados Unidos, que Angelina Jolie descobriu ter um defeito no gene chamado BRCA1. O exame apontou que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama. Com a realização da cirurgia, essa propensão caiu para 5%.
Existem diferentes tipos de testes genéticos, que representam um grande avanço na medicina e não são privilégio de países de primeiro mundo. Nos vales do Taquari, Rio Pardo e região do Jacuí, por exemplo, a Unimed VTRP – em parceria com o laboratório Qualimune – comercializa alguns testes que fazem um mapeamento do DNA do paciente, sinalizam algumas doenças que a pessoa terá predisposição para desenvolver ao longo da vida e são capazes de determinar o tipo de tratamento mais assertivo para cada indivíduo.
Segundo a diretora médica do laboratório, Tatiana Michelon, especialista em diagnóstico genético molecular e pós-doutora em imunopatologia, são testes de última geração, que representam o que há de melhor para a aplicação atual da medicina de precisão – também conhecida como medicina personalizada. “Essa medicina do futuro traz consigo uma mudança de paradigma na área da saúde, centrada em duas importantes questões. Primeiro: prevenir ao invés de tratar as complicações de doenças já estabelecidas. E, segundo, atender às necessidades que cada indivíduo de fato possui, deixando-se de aplicar os princípios da forma que visa ‘acertar na maioria’ dos casos”, completa a médica.
Tatiana observa que a maioria das doenças que lotam os consultórios médicos no dia a dia é determinada por uma combinação: fatores de risco genético mais fatores de risco não-genéticos (hábitos e estilo de vida). Desta forma, testes que avaliam o DNA (informação genética) de cada indivíduo permitem conhecer com antecedência o risco de desenvolvimento de algumas doenças. Ele é imutável e representa em média 30% ou mais do risco total, variando para cada doença em questão.
Assim, conhecer a suscetibilidade do indivíduo a uma determinada doença permite planejar seu acompanhamento em longo prazo e evitar fatores que agreguem risco ao longo da vida, com orientações personalizadas de prevenção. Além disso, caso seja inevitável o desenvolvimento da doença, o diagnóstico será precoce e a escolha do tipo de medicação poderá ser mais precisa e eficaz desde um primeiro momento.
Os testes comercializados pela Unimed VTRP variam de R$ 400 a R$ 7 mil. Quem já é cliente da Cooperativa tem direito a 20% de desconto.
Saiba mais
• Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama mata 458 mil pessoas por ano.
• É o mais comum em mulheres, aponta o Instituto Nacional de Câncer (Inca). E responde por 22% do total de casos de câncer que surgem a cada ano no Brasil.
• Estimativa do instituto indica que o país registrou 52.680 novos casos da doença apenas em 2012.
Categoria: Unimed VTRP