Como o cuidado humanizado pode transformar a experiência do paciente
17 de julho de 2023
Você já buscou um serviço e teve uma surpresa positiva na hora de receber o atendimento?
A humanização é um diferencial que deixa boas lembranças. São detalhes como uma escuta atenta, um olhar sincero e uma orientação didática que podem transformar a experiência, seja em um restaurante, uma loja ou no consultório médico. Quando o assunto é saúde, é comum que as pessoas estejam se sentindo mais frágeis, e um cuidado humanizado pode tornar tudo mais acolhedor e proveitoso.
O conceito de medicina humanizada tem ganhado cada vez mais espaço na área da saúde. Ele consiste em um conjunto de práticas que focam no bem-estar do paciente, a fim de acolher e trazer segurança em um atendimento mais humano, gentil e empático, fortalecendo uma relação direta entre médico e paciente.
O médico cooperado Fausto Steckel, pediatra, montou o seu consultório para que ele fosse lúdico e tivesse muitos estímulos visuais, cores e brinquedos: um verdadeiro universo para que a criança se sinta à vontade.
“Sabemos que o processo de se deixar ser examinado por um profissional da saúde pode ser traumático. Tento sempre fazer com que, durante o período de exploração da criança no ambiente lúdico do consultório, algumas ações já sejam tomadas, como fazer a ausculta do pulmão enquanto brinco com a criança, sentado no chão, ou pedindo para ela ficar ao lado do dinossauro (uma régua de altura) e abrir um ‘bocão de dino’, enquanto realizo a oroscopia”, conta.
Nesse caso, a humanização vai além dos pacientes. Fausto explica que, no seu consultório, o atendimento humanizado faz com que os pais se sintam mais seguros e confortáveis, e se coloca à disposição para que eles possam se comunicar com o médico. Ele complementa: “Um atendimento sem traumas e sem choro nem sempre é possível, até porque as crianças tendem a ser sinceras. Vou tentando utilizar aqui e ali formas de chegar na confiança do paciente”.
“Sempre busquei empatia e me perguntava ‘estou oferecendo um atendimento que eu gostaria que fosse dispensado a mim?’. Toda vez que eu achava que não estava dando o meu melhor, repensava as minhas ações ou, até mesmo, o ambiente de trabalho.”
Fausto Steckel, pediatra
O médico cooperado João Augusto Bergamaschi, otorrinolaringologista, conta que ele e a sua equipe cirúrgica e anestésica estabeleceram uma rotina especial para as cirurgias com crianças. Na sala de preparo cirúrgico, as crianças recebem adesivos e figurinhas e vestem fantasias de fadas ou super-heróis. A equipe de enfermagem da sala cirúrgica, também com asas de fadas e varinhas mágicas, buscam as crianças e conduzem um dos pais até lá, onde ambiente está preparado com luz baixa, estrelas que brilham no teto e uma música infantil animada.
“O cheiro não muito agradável do anestésico inalatório, que faz com que a criança durma, recebe uma essência de chocolate, tutti-frutti ou de alguma fruta que ela goste. Algumas crianças têm uma lembrança tão boa desse momento anterior à anestesia e à cirurgia que, ao acordarem, perguntam aos pais ‘cadê as fadas?’ ou dizem ‘quero voltar pra sala mágica”, relata.
E, antes de tudo isso, João Augusto faz questão de marcar uma consulta antes da cirurgia para conversar sobre todo o processo, sempre explicando tudo o que vai acontecer. Assim, o paciente e a família se sentem à vontade e têm mais segurança. “Especifico quantos dias são necessários para a recuperação pós-operatória e os sintomas que o paciente vai apresentar nesse período. Deixo uma receita com os cuidados necessários e os horários para a medicação, para previnir a dor e melhorar o conforto nos dias de recuperação. Também disponibilizo o meu telefone para todos os pacientes que opero. Mesmo assim, a maioria nem precisa se comunicar comigo ou com as secretárias, porque já tem conhecimento sobre todos os sintomas e os cuidados que devem tomar, caso surjam, já que todas as questões já estão bem esclarecidas na consulta pré-operatória”, conta.
A humanização do atendimento foi uma grande reviravolta para João Augusto. Ele conta que pacientes de todo o Vale do Taquari o procuram para fazer cirurgia com esse cuidado com a criança e a experiência oferecida a ela e aos cuidadores. E, sim, isso faz diferença! “A empatia, a atenção e o carinho empregados durante essa etapa do pré-operatório e o esclarecimento completo acerca dos riscos e cuidados pós-operatórios melhoram muito, também, a recuperação do paciente. Eu vejo que dispor da verdade e estabelecer uma relação horizontal entre médico e paciente torna a experiência do intraoperatório e do pós-operatório muito mais tranquila e previsível. Isso traz segurança ao paciente e à sua família e acelera o retorno à sua rotina normal”, afirma.
“Por incrível que pareça, na maioria das cirurgias que fazemos em crianças, elas não demonstram medo, nem sequer choram antes da anestesia. Aquele ambiente lúdico transforma a experiência para os pais e para a própria criança. Às vezes, a criança, ao se recuperar da cirurgia, pergunta aos pais quando será a próxima, de tanto que agradou a experiência da sala mágica e de todo o ambiente que antecedeu.”
João Augusto Bergamaschi, otorrinolaringologista
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