Ouvidoria   

Brasileiro com paralisia desenvolve aplicativo de acessibilidade

22 de junho de 2015

Estudar, utilizar as redes sociais, sair com os amigos. Tudo isso é bem comum para muitos jovens de hoje em dia. Porém, para o cearense João Santiago, de Fortaleza, todas essas atividades podem não ser tarefa muito fácil. Com paralisia cerebral e dificuldades de mobilidade, sua locomoção e acesso a lugares nem sempre é permitida. Para poder se divertir com os amigos, é preciso avaliar cada detalhe do estabelecimento que vai frequentar, buscando entender se está preparado para recebê-lo de uma forma acessível. O problema de João Santiago é o igual ao de outras tantas pessoas que sofrem o mesmo problema. E por isso ele resolveu agir: desenvolveu um aplicativo para classificar a acessibilidade do local. A ideia é ajudar as pessoas com deficiência a manter uma vida social. O aplicativo se chama “Dá Pra Ir” e começou a ser desenvolvido em novembro de 2014. “Vi que muitas pessoas deficientes tinham a mesma frustração que a minha. Em dezembro eu terminei a primeira versão e decidir levar para a Campus Party”, conta Santiago à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. João Santiago e Simone no Evento da Campus Party Dá pra ir O aplicativo funciona de forma colaborativa. O usuário, por meio do celular, faz check-in no local onde visita e coloca informações a respeito da acessibilidade das instalações. É possível também fazer avaliações em critérios como presença de banheiros acessíveis, regularidade do terreno, existência de rampas e piso tátil. O Dá Pra Ir oferece as informações sobre recursos de acessibilidade sobre determinado lugar, seguindo as normas e leis brasileiras. Consultando os locais do Foursquare e Google Place, o deficiente irá verificar o nível de acessibilidade, listas das regiões mais acessíveis da cidade e informações sobre direitos e deveres. Além disso, o aplicativo conta com um serviço de assistência pessoal para que locais com a classificação baixa possam se adequar. Existe ainda a possibilidade de publicidade naqueles locais que forem especializados aos deficientes, como clínicas ortopédicas, fisioterapeutas, entre outros. O aplicativo foi programado em dois meses apenas com o dedo indicador da mão esquerda de João. Logotipo do Aplicativo Da pra Ir Aplicativo virou sucesso Segundo a revista, ao chegar na Campus Party – maior acontecimento de tecnologia, inovação, criatividade e cultura digital do mundo – Santiago conheceu a empreendedora Juliana Glasser, diretora executiva, ou CEO, da empresa de software Carambola. Ela estava lá para ser mentora de negócios em uma maratona promovida pelo Sebrae. Ao site Razões para Acreditar, Simone afirmou que ela e a empresa não pensaram duas vezes e se juntaram ao projeto de Santiago, que na época não estava no ar. De um dia para outro a Carambola decidiu que iria fazer tudo: site, redes sociais, publicação do aplicativo e tudo que fosse pós-desenvolvimento. Simone explicou que o objetivo da empresa é mostrar do que o João é capaz e como ainda a sociedade não está preparada para isso. Santiago estuda programação desde os 8 anos. “Muitos ainda pensam que portadores de necessidades especiais são limitados em tudo”, afirmou Simone em entrevista ao site Razões para Acreditar. Apresentação Realizada na Campus Party João e Simone também estão desenvolvendo um plano de negócios. Eles pretendem buscar empresas interessadas em patrocinar a ideia e, assim, conseguirem a monetização necessária para expandir cada vez mais as funções do aplicativo. O objetivo do programador é ampliar a proposta para outras deficiências, como a visual, e levar o app também para outros países. O Dá Pra Ir está disponível gratuitamente para Android. A expectativa é de que as versões para iOS e Windows Phone sejam lançadas em pouco tempo. Mais de 700 downloads foram realizados até o momento. A relação com Simone deu tão certo que hoje Santiago trabalha como programador na Carambola.  

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