Nas alturas
26 de agosto de 2013
Muitas mulheres fazem qualquer coisa para ficarem mais bonitas. Neste grupo, há aquelas que não abrem mão do uso frequente de saltos altos: seja pela elegância ou para compensar os centímetros que a natureza não lhe deu. Mas quem quer viver “nas alturas” precisa estar ciente de que corre risco de lesões e por isso deve tomar alguns cuidados básicos. Segundo o ortopedista e traumatologista Darlei Worm, de Encantado, pode ser definido como salto alto aquele no qual a diferença de altura entre o salto e a parte anterior do calçado é superior a 3,5 cm. “A partir desta medida são potencialmente prejudiciais. Seu uso diário vai levando a modificações nos pés e nos membros inferiores, que depois de algum tempo podem evoluir para distúrbios dolorosos. Não só adultos, mas em especial as crianças, devem tomar cuidado com os calçados. O ortopedista e traumatologista alerta que na infância não é recomendado o uso de saltos superiores a 2 cm. “Na criança, os ossos e músculos ainda estão em desenvolvimento, por isto o risco de lesões e deformidades aumenta bastante. A partir da cessação do crescimento nas meninas – normalmente entre 14 e 16 anos – valem as mesmas orientações repassadas aos adultos”, completa o médico. Quando o indivíduo está em cima de um salto, o centro de gravidade de seu corpo sobe verticalmente, dificultando o equilíbrio. Nestas circunstâncias está mais suscetível a torções de tornozelo ou joelho que podem gerar lesões de ligamentos, meniscos ou outras cartilagens. O uso continuado de salto também provoca a retração progressiva dos tendões da parte posterior da perna, principalmente o tendão de Aquiles. Isto, por sua vez, leva ao sofrimento da articulação femoropatelar no joelho, com o aparecimento de dor no joelho, tendinites do tendão patelar e/ou do quadríceps ou na inserção do tendão de Aquiles no calcanhar. Estas retrações comprometem a coluna lombar, com eventual acentuação da lordose (curvatura excessiva da coluna para dentro) e aparecimento de dores. Entre outras complicações, o médico cita as joanetes, tanto do hálux (“dedão”) ou do quinto dedo (“mindinho”) que, em casos graves, podem exigir solução cirúrgica; metatarsalgias, que são dores por sobrecarga dos ossos centrais da parte anterior do pé (ou antepé), os metatarsianos; calosidades, que são uma tentativa da pele do pé de se proteger de alguma agressão continuada, mas que podem se tornar dolorosos por si só; deformidades dos dedos menores, como dedo em martelo ou dedo em garra; fascite plantar, que se manifesta por dor na parte de baixo do calcanhar, especialmente logo ao sair da cama pela manhã. Todos estes problemas podem ocorrer em homens e mulheres que não usam salto com frequência, mas o uso continuado de salto aumenta bastante a chance deles aparecerem. Caso seja inevitável o uso do salto, Worm aconselha que a pessoa tente compensar a pressão com a realização de exercícios físicos regulares e, principalmente, alongamentos diários. Ou então, que reserve os saltos mais altos para ocasiões especiais uma vez por semana. E finaliza: “O mais importante é a prevenção. Quando a dor aparece e começa a interferir nas atividades normais da pessoa, deve-se avaliar a causa da dor, estabelecer um diagnóstico e iniciar um tratamento de forma precoce, antes que as alterações presentes se tornem de difícil solução”.
Categoria: Movimento | Atividade Física