O combate às drogas
26 de junho de 2014
Médico cooperado da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo (Unimed VTRP), o psiquiatra Alex Terra trabalha desde 2005 com dependentes químicos. Aproveita a data comemorada nesta quinta-feira (26/06) – o Dia Internacional de Combate às Drogas – para chamar a atenção da população para este problema. “A melhor maneira de prevenir os danos das drogas é não tê-las à disposição”, observa o profissional. Na opinião de Terra, este pode ser considerado, ao mesmo tempo, um caso de saúde e de polícia. “É de saúde por que existe um mecanismo de dependência química que provoca disfunções no cérebro e é passível de tratamento”, explica o médico. E é um caso de polícia na medida em que existe violência associada ao uso de drogas, tráfico de entorpecentes, ou mesmo mortes no trânsito por conta do uso do álcool, que é uma droga lícita. Sinais de alerta O psiquiatra faz um alerta aos pais, para que fiquem atentos aos sinais dos filhos. Devem se preocupar com faltas às aulas e baixo desempenho escolar. “A dependência passa a ser central na vida dessa criança ou adolescente e a escola fica em segundo plano”, declara. Além disso, pode ocorrer um isolamento e comportamento estranho. Também podem começar a sumir objetos de casa para que o vício seja sustentado. Entre alguns sintomas mais específicos de uso de alguns tipos de entorpecentes, comenta que a maconha deixa a pessoa mais avoada e lenta. Já o crack, pode provocar emagrecimento. Para caracterizar uma situação de dependência, Terra cita o exemplo do álcool. “Dependente é aquela pessoa que durante todo o dia fica pensando na hora de sair do trabalho e ir para o bar tomar a cachaça com os amigos. Depois de algum tempo, começa a ficar até mais tarde no bar. Outro dia, não dorme em casa, fica lá bebendo e vai embora de manhã. Daqui a pouco, falta ao trabalho por que ficou de ressaca. É como se o principal objetivo da vida dele fosse usar a droga”, relata Terra.
Técnicas de tratamento Para o tratamento existem técnicas. Antigamente, segundo o psiquiatra, usava-se o método confrontativo. “Quando o indivíduo queria parar e recaia, a técnica que se usava era de pegar firme, ‘pegar pesado’. Às vezes chegava quase ao ponto da humilhação. Acontecia muito nos grupos de autoajuda”, lembra o cooperado da Unimed VTRP. Observa que ela só funciona para quem está consciente e realmente tomou a decisão de parar de usar drogas e a dificuldade é mais física mesmo. Mas se o usuário está na dúvida e o tratamento for firme, ele irá fugir e continuará usando. Hoje em dia os profissionais estão trabalhando com a entrevista motivacional. “É uma técnica diferente. Não usa ‘pegar pesado’. Na entrevista, trabalhamos mais com o lado do paciente que está demonstrando querer parar. Quando o paciente faz um avanço, a gente reforça. Quando desliza, dá apoio: ‘desta vez não conseguiu, vamos tentar de novo’. É um manejo mais centrado no indivíduo e não no objetivo em si”, explica Terra. Em muitos casos, como o de usuários de crack, o tratamento também inclui internação. “É muito difícil o indivíduo parar sem uma contenção, pois o crack produz uma abstinência muito mais intensa. A pessoa precisa ser protegida, ficar sem acesso à droga. A perda de controle que o indivíduo sente é muito maior”, analisa o psiquiatra. Considerando também a cocaína ou o álcool, o paciente também precisa ir para o hospital fazer uma desintoxicação, porque o organismo vai ter vários sintomas relacionados à privação da substância. Apesar do tratamento, o médico diz que, do ponto de vista fisiológico, não existirá um ex-dependente químico. “Sempre comparo a dependência a um mato fechado. Para atingir nosso objetivo, abrimos uma trilha naquele mato. O dependente fez aquela trilha. Podem passar três ou quatro anos, mas aquela trilha estará lá. A ação automática, de usar droga sem medir as consequências, não se desfaz. O indivíduo forjou aquela via e estará facilitada até ele morrer”, finaliza o psiquiatra.
Para mostrar sua posição contra as drogas, a designer inglesa Gemma Correll, criou a frase “pugs not drugs” (pugs não drogas) ilustrada por um simpático cão da raça pug. A inspiração de Gemma veio de seus pugs, Mr. Norman Pickles e Bella. No universo de “referências” da artista, há outros personagens, como os gatinhos mal-humorados e blasés. Gemma saiu da internet para as páginas de jornais, como The New York Times e The Guardian. Se tornou um simbolo de campanha contra as drogas, conhecida principalmente entre os jovens.
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