Desde criança somos incentivados a ter sonhos e traçar projetos de vida (pessoais e/ou profissionais) e são por eles que normalmente acordamos e decidimos, diariamente, lutar (individualmente ou coletivamente), porém, muitas vezes, acontecem situações ou fatos, nem sempre positivos, que nos exigem reorganizar ou replanejar nossas vidas. E é isso que acontece quando alguém recebe um diagnóstico de câncer.
Antes mesmo da confirmação do diagnóstico, percebe-se, na maior parte das pessoas, sentimentos intensos como ansiedade, tristeza, preocupação, angústia e medo.
E com a confirmação da doença e escolha do tratamento oncológico surgem ainda mais perguntas e questionamentos, do paciente e da família, na tentativa de melhor compreender tudo o que está acontecendo. No entanto, nem sempre as respostas ofertadas pelos médicos, amenizam as preocupações justificáveis desse processo.
E enquanto para alguns pode persistir a resistência ou revolta em aceitar a condição que a doença impõe, para outros há uma aceitação mais tranquila e uma rápida reestruturação das suas rotinas profissionais e/ou familiares, mesmo sob o efeito de sintomas colaterais.
A forma como cada paciente elaborará a doença, e o tratamento, depende de inúmeros fatores: idade, experiências anteriores de vida, presença de transtornos emocionais anteriores e/ou atuais, apoio familiar/social/financeiro, estágio e/ou gravidade da doença e capacidade de resiliência individual e familiar.
Sabe-se que a aceitação de qualquer situação em que se vivencia, facilita e muito a reorganização emocional e comportamental das pessoas. Mas obviamente cada pessoa tem o seu tempo para que isso aconteça. E é importante que a rede social e familiar entenda e dê suporte para que esse processo ocorra sem maiores prejuízos emocionais, além daqueles que são esperados durante o tratamento oncológico.
Afinal, realizar um tratamento de câncer não exige apenas encarar os inúmeros efeitos colaterais, mas também a ansiedade frente à cirurgia e aos ciclos de tratamento, medos quanto ao futuro, fantasias associadas ao fim da vida, sentimentos eventuais de desesperança e depressão, além de tudo, infelizmente, com o preconceito e mitos frente ao câncer, que insistem em permanecer em nossa sociedade.
E é exatamente por essa complexidade emocional que o paciente precisa de um olhar atento de todos que o cercam para que as questões emocionais não afetem negativamente o resultado do tratamento oncológico e também para que ele possa ressignificar de forma mais tranquila sua existência e alcançar, por fim, uma melhora na qualidade de vida, durante e após o tratamento oncológico.
Josy Colossi – Psicóloga Clínica de Oncologia UnimedVTRP
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