Falar sobre câncer é algo delicado, especialmente para quem já enfrentou a doença ou teve pacientes na família. Na noite dessa quinta-feira, 3,, contudo, o assunto foi abordado de forma espontânea e didática no anfiteatro do bloco 18 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde os oncologistas Bruna Baldissera e Stephen Stefani esclareceram dúvidas e curiosidades da plateia. O painel foi promovido pela Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo (VTRP), Diretório Acadêmico do Curso de Medicina da Unisc (DAPLUS) e Gazeta Grupo de Comunicações, e a mediação da conversa ficou por conta dos jornalistas da Gazeta, Ana Cláudia Müller e Pedro Garcia.
Em entrevista prévia, Stefani contou que a principal dúvida das pessoas é sobre a cura do câncer. “É o principal questionamento e a resposta para ele é positiva. Existe cura, sim, e se for diagnosticado com antecedência, a probabilidade de cura é muito maior”, comentou. Conforme o oncologista, não há uma receita única e ideal de prevenção, mas uma série de hábitos que podem evitar o aparecimento da doença. “Alimentação saudável e rica em fibras, exposição cuidadosa ao sol, com protetor solar e nos horários recomendados, e a prática de atividades físicas, bem como evitar o consumo de álcool e tabaco são passos simples, mas fundamentais para evitar o câncer de formal geral”, frisou.
Medidas mais específicas, como os exames de rotina de próstata, mama e colo do útero, também são recomendados por Bruna. “As mulheres procuram mais o médico, mas os homens precisam criar esse hábito também”, ressaltou. Stefani complementa: “Se não fizerem por si mesmos, façam pela família”. Em meio ao público que lotou as arquibancadas e escadas do anfiteatro, a farmacêutica Danieli Maria Hackenhaar, de 26 anos, assistiu ao bate-papo com atenção. Acostumada a lidar com pacientes da doença, foi atrás de informações. “Nunca tive ninguém na família com câncer, mas atendo muita gente na farmácia. Então acho importante saber mais sobre o assunto e ter mais embasamento para poder ajudar”, comentou.
CINCO PERGUNTAS
Qual o tipo de câncer mais comum no Rio Grande do Sul?
Stefani – Os cânceres de pele, mama, pulmão, intestino e próstata. Entre todos os estados do País, somos o que mais apresenta casos de câncer de pulmão, que está ligado, inevitavelmente, à nossa cultura do tabagismo. O cigarro aumenta o risco de câncer de pulmão em 45 vezes e o de intestino em cinco vezes, o que também não é pouco.
Alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, ajudam a diminuir o risco de desenvolver câncer?
Stefani – Esse é um tema polêmico. O consumo de alimentos orgânicos hoje beira a ideologia. Em um mundo perfeito, todo mundo teria sua horta e poderia colher suas frutas e legumes sem agrotóxicos, mas na realidade em que vivemos isso é inviável, porque os produtos orgânicos não aguentam o transporte, as pestes, etc. O importante é que as pessoas precisam comer frutas e verduras. A ausência desses alimentos é definitivamente mais nociva para o organismo do que comê-los com agrotóxicos.
Existe uma impressão geral de que os casos da doença aumentaram muito nos últimos anos. Isso é real?
Stefani – Sim. Hoje em dia se fala muito mais sobre a doença, há mais informação e diagnóstico. No passado, as pessoas morriam e nem se descobria a causa. Deixamos de morrer por infecções e doenças “menores”, temos uma expectativa de vida maior e isso tudo contribui para o aumento dos casos de câncer.
A tecnologia pode estar causando esse avanço? Celular? Radiação?
Stefani – Há 20 anos se estuda o efeito do celular como causa do câncer, mas ele não tem esse poder. As ondas que são emitidas pelos aparelhos são muito fracas, seria preciso centenas de anos de exposição para desenvolver um tumor. Da mesma forma, exames de raio-X e tomografia também não são nocivos, pois apesar de contarem com uma radiação mais forte, são usados pouquíssimas vezes ao longo da vida de uma pessoa. Já a obesidade, o sedentarismo e o consumo de alimentos cada vez mais industrializados, típicos na nossa sociedade atual, são sim fatores de risco para o desenvolvimento de vários tipos de câncer.
Ter pessoas com a doença na família aumenta as chances de desenvolvê-la?
Stefani – Aumenta os cuidados. Pessoas que tiveram familiares com câncer devem adiantar os exames em alguns anos, mas nem todos os casos são hereditários. Isto é, não ter familiares com a doença não reduz as chances de o paciente ter câncer.
Dicas de prevenção
Fonte da matéria: Jornal Gazeta do Sul
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