Iniciar o tratamento contra o câncer é sempre um momento muito particular na vida de qualquer paciente. Cuidados com a higiene, o esforço físico e a alimentação são fundamentais e merecem atenção nesse período.
Mesmo seguindo estes cuidados, muitas dúvidas acabam surgindo, principalmente relacionadas à nutrição. Afinal, há uma dieta específica para quem está passando por um tratamento contra o câncer?
A nutricionista Letícia Fischborn, do Espaço Viver Bem (área que presta suporte multidisciplinar aos pacientes oncológicos da Unimed), explica que a alimentação leva em consideração o tipo de tratamento que o paciente realiza, em virtude dos possíveis efeitos colaterais da medicação. “Buscamos fazer uma avaliação do estado nutricional da pessoa, o que inclui condições de mastigação, deglutição, preferências alimentares, entre outros aspectos.”
Por esses motivos, a nutricionista reforça que as indicações alimentares são extremamente individualizadas. “Sempre aconselhamos manter uma alimentação equilibrada e variada, propiciando alternativas de preparações saudáveis e saborosas. É importante também observar consistência, temperatura, sabor, aroma, apresentação e cor, itens fundamentais para manutenção da imunidade e recuperação do paciente”, completa Letícia.
Para auxiliar no tratamento e garantir o bem-estar, a nutricionista recomenda alguns alimentos e preparações específicos para diferentes casos. Confira algumas dicas:
– Alteração no paladar: evite alimentos muito quentes ou gelados. Caso os talheres de metal estejam interferindo ainda mais no sabor dos alimentos, use talheres de plástico. Enxague a boca antes das refeições. Tente usar mais temperos como manjericão, alecrim, orégano e hortelã, eles ajudam a realçar o sabor dos alimentos. Experimente alguns ingredientes com aspectos marcantes como suco de laranja ou limão e balas azedas ou de hortelã;
– Constipação intestinal e prisão de ventre: beba mais água e coma alimentos ricos em fibras como pão, biscoitos e cereais integrais, frutas com bagaço e casca e, quando possível, verduras;
– Flatulência (excesso de gases): coma mais devagar, mastigue bem os alimentos e evite falar enquanto come. Se for usar alho e cebola no preparo das refeições, use-os sempre refogados e com moderação;
– Falta de apetite: experimente fazer refeições leves várias vezes ao dia, pelo menos de três em três horas. Comer e beber devagar são dicas importantes. Prepare pratos coloridos e variados, incluindo novos alimentos no cardápio. Se possível, deixe que outra pessoa prepare a refeição e evite ficar na cozinha neste momento. O prato deve ser preparado na consistência que mais agradar o paciente e da forma que ele consiga tolerar melhor, podendo variar da consistência normal (alimentos ou preparações de qualquer aparência), branda (alimentos em pedaços e bem cozidos), pastosa (alimentos em forma de purês, suflês, amassados, desfiados ou liquidificados) ou líquida (sob a forma de sopas liquidificadas ou não, como sucos, sorvetes, gelatinas e geleias);
– Enjoos e vômitos: evite frituras e alimentos gordurosos. Beba sucos naturais de frutas cítricas, como limão, no intervalo das refeições. Faça pequenos lanches em menor intervalo de tempo. Coma devagar e mastigue bem os alimentos. Outra dica importante: lave a boca com frequência.
Se você ainda tem dúvidas, consulte seu médico ou nutricionista de referência.
Água como aliada na prevenção
A ingestão adequada de água é fundamental para o bom funcionamento do intestino e demais órgãos, principalmente os rins, contribuindo para prevenção de diversas doenças, como o câncer.
A recomendação diária para uma pessoa adulta é de 25 a 35 mililitros (ml) de água multiplicada pelo peso corpóreo. “Orienta-se a ingestão de água filtrada ou fervida nos intervalos das refeições”, destaca a nutricionista Letícia Fischborn. “Exceto nos casos em que há recomendação médica para evitar o excesso de ingestão hídrica, aí a água é recomendada em menor volume”, completa a profissional.
É gratuito e saudável.